quarta-feira, 17 de junho de 2009

Poeta José Inácio Vieira

José Inácio Vieira de Melo nasceu em Olho d’Água do Pai Mané, povoado do município de Dois Riachos, Alagoas, em 16 de abril de 1968. Filho de Aloísio Vieira de Melo e de Inácia Rodrigues de Santana. Passou a infância e a adolescência entre as cidades de Palmeira dos Índios, Arapiraca e Maceió. Em 1988, Mudou-se para o município de Maracás, Bahia, onde morou por 10 anos, em uma fazenda – Cerca de Pedra. A partir de 1998, passou a residir em Salvador, onde fez graduação em Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 2006 transfere-se para Jequié, a Cidade Sol, e para a fazenda Pedra Só, no município de Iramaia. É co-editor da revista de arte, crítica e literatura Iararana e colunista da revista Cronópios. Em 2005, coordenou, ao lado de Aleilton Fonseca e Carlos Ribeiro, o Porto da Poesia na VII Bienal do Livro da Bahia.
Seleção de poemas do livro:

DILÚVIO

O olho daquele pingo de chuva que vem caindo
revela a minha convicção: acredito no dilúvio.

Não tem mais jeito, para toda árvore que olho
só vejo tábuas para construir a arca da salvação.

Sei que todos riem de mim, fazem galhofa
e acham mesmo que estou com um chocalho no juízo.

Mas é que tive um sonho: um ser vestido de água
inundava o meu dia a minha noite a minha vida.


DANÇA DAS REDONDILHAS

Vamos cantar um galope
no coração da caatinga,
dizer palavras de luz
nos versos de sete sílabas,
caminhar passo acertado:
Toada da despedida

Certo, temos que ir.
E quando damos o passo
muito do que somos fica.
Muito mais seremos.
Inevitável a única certeza:
um dia a Derradeira vai lambera tua boca,
e já estarás habitando noutras plagas.
Não te aperreies, é assim mesmo:
a despedida é a véspera do encontro
(e o mundo – que nem peão –continua no arrodeio, na ladainha).
Amanhã, quiçá,
estaremos juntos nos favos de mel
das europas ou no estrume das vacas leiteiras.
Vamos cumprir as quadras da vida!
cadência de redondilhas.
A morte promete jardins
Este teu brilho de agorasão cacos –
rastros errantes
que persistem na busca inútil
da tua primeira semente.
Este teu brilho de agora
é a sombra do que foste,
e se ainda és girassol celeste
é que a morte promete jardins.
La muerte promete jardines
Este tu brillo de ahorason trozos –
rastros errantes
que persisten en la busca inútil
de tu primera semilla.
es la sombra de lo fuiste
Este tu brillo de ahora
y si todavía eres girasol celestees
que la muerte promete jardines.
Sentido
Os homens vinham e havia um caminho.
Continuavam, e o prumo os esperava,
e eles seguiam acreditando nisso:
sempre rumar –
sempre sempre sempre.
Os homens nunca chegavam a algum lugar,
mas iam eternamente em busca de,
pois não queriam nem suportariam
entender a verdade do lugar nenhum.
Sentido
Los hombres venían y había un camino.
Continuaban, y la brújula los esperaba,
y ellos seguían creyendo en eso:
siempre rumbear – siempre siempre siempre.
Los hombres nunca llegaban a algún lugar
pero iban eternamente en busca de,
pues no querían ni soportarían
entender la verdad del lugar ninguno.



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