segunda-feira, 20 de setembro de 2010

ROSALVO ACIOLI JUNIOR E SUA OBRA POETICA


Sonhos Imaginários (Poesia) livro de estréia do poeta Rosalvo Acioli Júnior, com prefácio do poeta e ensaísta Lêdo Ivo, foi lançado pela Global Editora, São Paulo, em 1984, obtendo sucesso nos meios literários nacionais.

Sonhos Imaginários foi indicado ao Prêmio Jabuti de melhor livro de Poesia em 1985, promovido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), e ao Prêmio Olavo Bilac de melhor livro de Poesia em 1986, promovido pela Academia Brasileira de Letras (ABL).
Rosalvo Acioli Júnior publicou seu segundo livro em 1987 Maceió (Poesia), Editora Senha, Maceió.

A poesia de Rosalvo Acioli Júnior mereceu elogios dos críticos e ensaístas Gilberto Mendonça Teles, Luciana Stegagno Picchio, Reynaldo Bairão, João Manuel Simões, José Paulo Paes e Paulo Rónai, e dos poetas Lêdo Ivo, Márcio Catunda, Ferreira Gullar e João Cabral de Melo Neto, entre outros escritores.

Em 1992, Rosalvo Acioli Júnior foi selecionado para a “Antologia da Nova Poesia Brasileira”, organização, seleção, notas e apresentação de Olga Savary, publicado pela Fundação Rio / Rio Arte, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Editora Hipocampo, Rio de Janeiro: 1992.


SEUS POEMAS
Os punhais

Tenho desperto os punhais do amor.
Fazem cicatrizes profundas no corpo amado,
delírio e sina na alma florida
de matizes em intensa dádiva.
O corpo amado é embriaguez divina,
terrena impossibilidade de Deus.


Um instante de amor é subversão à dor.

(Do livro Sonhos Imaginários, Global Editora, São Paulo: 1984)

Poema

Tenho a memória das flores.
De incenso a cálida alma de semens,
mágica transcendência de meus sonhos,
canção dos dias imponderáveis a que alço
como germe a se descobrir nas horas.
Extremas mãos que estendo ao sol.

Tenho a memória das flores
e a missão das sementes.

(Do livro Sonhos Imaginários, Global Editora, São Paulo: 1984)

O templo

Amo todas as mulheres que me possuem como almas.
A alma é sã e exercita a essência da carne.
Desnuda o coração em vértices encantos
e canta a terna proporção da natureza.
Deus não prescindiu dos homens a sabedoria
de seu templo de prazeres e alegrias.
Sábio o que conhece a plenitude do verbo.

(Do livro Sonhos Imaginários, Global Editora, São Paulo: 1984)

Amor a Maceió

Maceió, no nome tupi contida,
do mesmo tapagem do alagadiço,
do engenho a vila estabelecida
na paisagem crescente de viço.

Sou também assim da raiz Maceió,
o seu clarividente equilibrista
nas águas, ventos e luzes em nó,
que a ama e nunca perde de vista.

(Do livro Maceió, Editora Senha, Maceió: 1987)

Jaraguá

Em Jaraguá, sangue e cinzas cingem-se
Em seus velhos casarões de pedra e maresia.
Escorrem os carregadores de açúcar
Ruindo seus olhos na vertigem dos mortos,
Tortos de cana e madrugadas,
Bebendo o cheiro acre das prostituas.

Sob o pão e o vinho do patrão,
Rebentam os carregadores o veio de suas veias
E silenciosos no eclipse de seus rostos
prorrompem para o cais.

Em Jaraguá, arde a eternidade.

(Do livro Maceió, Editora Senha, Maceió: 1987)

A luz e a náusea

Por entre extremos vertem-se meus dias,
e neles, rútilos, o lúcido fio de esperança
transmuda os escombros desta terra selvagem:
província torta, cemitério de mortos-vivos.
Nas frestas da eternidade, escolhidos,
os suicidas, os leprosos, os assassinados,
me sacramentam e esplendem meus olhos,
por mais que em Maceió haja mel e fel
e ruminem os ecos da vertigem dos mortos.

Por Deus, há luz no chão do Universo.

(Do livro Maceió, Editora Senha, Maceió: 1987)